Clarividência
O poema é uma bola de cristal. Se apenas enxergares nele o teu nariz, não culpes o mágico.
É, essa foi pra ti ó.
Raios & trombetas
Pergunto-me por que o uivar de lobos, os trovões, os raios constituem o pano de fundo para as cenas de horror. Pois, quando o medo é muito, faz-se um silêncio na alma. E nada mais existe. [...]
Os grandes momentos dispensam rabos-de-pandorga, tão do agrado de Cecil B. de Mille, que fez a História uma espécie de filme carnavalesco. Não é que, no seu caso, a história não fosse bem contada: foi bem contada demais.
Germinal
Planto
com emoção
este verso em teu coração.
A minha vida foi um romance
"A minha vida foi um romance", diziam, depois de uma pausa e um suspiro, aquelas velhinhas que apareciam antigamente nos lares a vender rendas e bordados. Não sei por que os de casa desconversavam. Por sinal que anos depois escrevi, para as consolar postumamente, um poema que começava assim: "Minha vida não foi um romance"...
Não, a vida nunca é um romance: falta-lhe o senso da composição, o crescendo que leva ao clímax. Tudo acontece tão sem lógica e sem preparo que os seus golpes nos deixam atônicos mas de olhos secos, como se fôssemos heróis, nós que enxugamos furtivamente os olhos no escuro das salas dos cinemas - só por que o diretor do dramalhão soube desenrolar devidamente o filme.
Quero conhecer um diretor que saíba.
Perguntas & respostas
Paciente que sou de entrevistas, muita vez atendo a perguntas das mais estapafúrdias.
- Por que está escrevendo à mão? Por que não usa a máquina?
- Porque o tic-tic, o toc-toc ou o pue-pue da máquina me picota a cuca.
[...]
Outra pergunta, às vezes feita por consulentes mais crescidas:
- Mas por que o senhor não casou?
- Porque elas fazem muitas perguntas.[...]
Precisa dizer mais alguma coisa? Sim, o homem não nasceu para ser sózinho.
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