Albino na Lavina

Você chegou, Albino na Lavina.

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Sonhos novos, velhos livros


Aquelas fotos ganhavam vida, por muito tempo a todo tempo.
Conversavam a noite inteira, sobre tudo - do dia, da noite, do tempo, da chuva, da vida.
Vovozinhas de saia-balão, e vovozinhos com charutos a tempos já haviam sido trocados, pelas crianças daquela família.  
Uma noite, sem sono, me pus sentado na cama e com a porta entreaberta, escutei um pedaço da conversa:
" - Tu sabes que não pode ser tão orgulhoso!
- Não sou orgulhoso, só tenho fé.
- Aprenderás meu amigo, não é por menos que me chamam de sábio! Tenho o conhecimento que você não tem. Minha inteligência é tanta, você não chega nem aos meus pés. Olhe só, como você fica agitado e inquieto, só sabe pulsar.
 - Você não entende? Eu não escolho, o amor que escolhe."
 Mas estive pensando, crianças não falam sobre isso.
Esses meus sonhos confundidos com folhas amareladas do velho livro, deixando-me sempre na dúvida.




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Penso, se era meu cérebro conversando com meu coração, ou aquele poema que li no fim da tarde com um misto do maré dos sonhos.
Tanto faz, só não aguento essa monotonia da escuridão com o silêncio.

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Nada à toa


O velho que caminhava com dificuldade, sentou-se no mochinho, e veio para mais uma daquelas discussões que tanto agradava, não só a ele, como a seus netos, ansiosos por suas estórias que viravam histórias.
Já começava falando:
- As pessoas sempre nos marcam por uma razão, talvez por uma estação, ou por várias. O problema, é que nossas enormes expectativas, sonhos e planos nem sempre dão certo.
Lembro-me como se fosse antes: tanta briga, injustiça, dor e choro.
Meu lento caminhar, e minha voz embargada não são à toa. Aproveitei. Aprendi. 
Entendi que o melhor do relacionamento, é o que sobra.


https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh2yZRrTmfEgh5jsOsayXPw_jtIOHYrsnLcj9Nmx6OBdYLH5DES04YXIpEnf6IzOh0kqQJpWY1lGRbrDiXCuMn3KQy6NXHSBe6_lkvXZmewx5o2ydIxYBDCSSXyjFx0yOQXDKDVHXQpDi0/s320/Velhice4.jpg


Meses depois da separação, a morte não total, mas quase, do sentimento, conversávamos totalmente felizes sobre nossos outros próprios relacionamentos infelizes e traumatizadores que sofremos, digo, vivemos. 
Mas logo notei - vai ver não foi tão infeliz assim. Agora tenho com quem contar, com quem falar, e rir literalmente de tudo. 
Ambos, tínhamos companhia para esperar a outra nova companhia, para vida toda. 
Na tristeza feliz, na espera do começo feliz.